Dia a dia de um Jardim Waldorf

“Nada mais difícil do que determinar, em poucas palavras, o que poderia ser o fundamento e a meta de uma pedagogia. 

(…) Em princípio, o grupo de jardim de infância deve ser uma reprodução da família: uma unidade fechada, com seu ambiente próprio, sob a direção de uma ou duas orientadoras (as mesmas, de preferência durante um longo período). As crianças não deveriam ser todas da mesma idade, como numa família, onde também há irmãos e irmãs maiores e menores. 

O dia é dividido em períodos de várias atividades, onde há inúmeras pequenas tarefas das quais as crianças podem participar: regar plantas, arrumar a sala, preparar a mesa para o lanche, guardar brinquedos, auxiliar na preparação de alimentos. Tudo isso sem constrangimento, naturalmente.

É assim um Jardim de Infância Waldorf.

O princípio educativo básico na idade pré escolar é a imitação. Evita-se autoridade, que só enfraquece a vontade da criança, além de criar um clima de tensão que prejudicaria a harmonia do trabalho.

O dia é dividido ritmicamente, se possível com períodos de atividade comum, alternando-se com ocupações em que cada criança brinca livremente. O lanche pode ser um cerimonial: lavar as mãos, sentar corretamente, cada criança em seu lugar, e um ato de agradecimento. Depois de guardar a louça, uma atividade em comum: pintar, modelar, recortar, etc. E no fim, a roda sentada em silêncio, o educador contando, pausadamente, com muita expressão, um conto de fadas, com canções e versinhos intercalados. Essa constitui uma dentre várias possibilidades de uma manhã para as crianças em um Jardim Waldorf.

(…) Os brinquedos deveriam ser tão simples, que se prestassem à transformação imaginativa: alguns blocos de madeira que possam ser veículos, casas ou móveis; uma boneca de pano, fofinha, com finos traços indicando o rosto; uma ‘loja’ com mercadorias reais; uma casinha simples que possa ser mobiliada conforme a fantasia do instante; animais, veículos, trens e aviões a serem movidos pela própria criança (e não por automação) – eis algumas sugestões.

(…) Entre os tipos recomendáveis de brinquedos estão os que exigem treino da habilidade manual, do equilíbrio e do domínio do corpo em geral.

 (…) A criança deve adquirir confiança no mundo: cada objeto, por seu material, deve ser o que parece ser. Daí a exigência de materiais naturais: madeira, pedra, panos de fibra natural, etc. Nada de materiais plásticos, sintéticos, símbolos de um mundo de mentira e pseudovalores.

Para a Pedagogia Waldorf, o período mais importante da vida do ser humano é sem dúvida a primeira infância. Com o propósito de contribuir para a formação integral das crianças é que estão estruturados os Jardins de Infância. Considerando-se que nesta fase da vida ela está desenvolvendo seus sentidos, seu pensar imaginativo, sua capacidade de criar, está estruturando seu pensar, seu corpo físico e iniciando sua vida de relações, é que as vivências em um Jardim de Infância são extremamente salutogênicas, saudáveis.

(…) Diante dos princípios expostos, haverá certamente quem considere esse modelo de educação obsoleto. A Pedadogia Waldorf não pretende convencer ninguém: limita-se a expor seus princípios. Que cada um, com plena consciência de sua responsabilidade, escolha o caminho que considera mais indicado para a educação de seus filhos.

 * Princípios descritos por Rudolf Lanz, no livro “A Pedagogia Waldorf: caminho para um ensino mais humano”, baseado nas palestras de Rudolf Steiner.